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Importação de soja mata pessoas e solos

A União Européia importa 39 milhões de toneladas de soja, dos quais 20 milhões de toneladas por ano do Brasil. Grande parte desta soja vem do Cerrado, um ecossistema de dois milhões de quilômetros quadrados, com uma biodiversidade semelhante à da Amazônia. Na Europa, a importância do Cerrado é pouco conhecida. O Cerrado é desmatado duas vezes mais rapidamente que a Amazônia, por isso a Wervel realizou na Bélgica uma ação juntamente com uma delegação brasileira.

Leia abaixo 10 razões para proteger o Cerrado. O relatório anual do “Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca” (17 de Junho) tem como tema a degradação dos solos para uma agricultura sustentável. A expansão das monoculturas de soja no Cerrado é um exemplo disso. A febre da soja altera o clima, afeta duramente os povos indígenas e pequenos agricultores. Estes, no entanto, têm como objetivo construir uma economia sustentável com as espécies do Cerrado.

Em ambos os lados do Atlântico, temos grandes problemas ecológicos e sociais: no exterior são populações inteiras desalojadas e lentamente envenenados. Aqui na Europa, vemos há anos uma pecuária intensiva em crise. Especialmente o setor sunícola que se tornou fortemente dependente de uma soja (um dia barata) e foi grandemente afetado por uma cruel restruturação do mercado. Além disso, as onipresentes monoculturas de milho causam na Europa a degradação contínua dos nossos solos agrícolas, juntamente com o desaparecimento dos legumes na rotação de culturas. As leguminosas são plantas que captam o nitrogênio atmosférico e produzem culturas ricas em proteínas, como a ervilha, alfafa, tremoço, feijão, trevo…Voltar a produzir ativamente a sua própria extração de proteínas não só restaura a fertilidade do solo, mas ao mesmo tempo tornar a agricultura européia mais robusta e menos dependente dos combustíveis fósseis e de soja do exterior.

delegação de brasileirosO governo flamengo e a cúpula do grupo Bemefa já assinou em 2010 um acordo inicial para incentivar o uso de proteínas alternativas. A partir deste acordo seria feito um inventário sobre as alternativas. Wervel espera há anos por este inventário. Em Março, o Parlamento Europeu solicitou ainda insistentemente à Comissão um plano para que mais proteína seja produzida no solo europeu. A Wervel realizou uma ação juntamente com uma delegação de brasileiros para pressionar as principais associações que não assinaram a carta no Parlamento Europeu em Março de 2012: União dos Agricultores e seu análogo europeu COPA-COGECA, a federação de alimentos compostos para animais, Bemefa e seu análogo europeu, FEFAC. O tema foi também discutido com o topo da admistração agrícola e o ministro flamengo responsável pela agricultura, Kris Peeters.

Por ocasião desse dia internacional, a Wervel lança o informativo Cerrado. Ele revela o desmatamento e o esgotamento do Cerrado, e desmascara o slogan belga-flamengo “Carne daqui? Com prazer”, que na região flamenga é difundido como uma mensagem de necessidade geral. A maior parte dessa “carne daqui” é na verdade produzida pela importação de terra e água  através dos mares, para obter a soja necessária.  Com “lavagem cerebral verde” não chegaremos à lugar algum.

A solução é óbvia: uma aceleração na conversão da produção intensiva de carne para uma produção conjunta de animais e proteínas vegetais em nossos solos. Isso resulta em mais produtores. Além disso, a indústria alimentícia estaria pronta para uma gradual mudança no consumo. Os produtores precisam ser mais engajados para tomar esse corajoso, porém necessário, passo.

Dez razões para dar o seu apoio e participar

  1. Cerrado e Caatinga ocupam 1/3 do território nacional brasileiro.
  2. Os dois biomas exercem funções ecológicas vitais para o país.
  3. O desmatamento no Cerrado hoje é duas vezes maior do que na Amazônia.
  4. Os principais rios brasileiros nascem e crescem no Cerrado.
  5. O Aquífero Guarani depende de áreas de recarga que estão no Cerrado.
  6. A chuva e os rios no Brasil Central são vitais para a matriz energética brasileira.
  7. Cerca de 95% dos brasileiros dependem de energia elétrica gerada (ao menos em parte) com águas provenientes do Cerrado.
  8. A biodiversidade dos dois biomas é singular, única, sem igual no mundo.
  9. Espécies ameaçadas pela devastação da Mata Atlântica sobrevivem em número maior no Cerrado.
  10. Se o Cerrado e a Caatinga entrarem em colapso, os outros ecossistemas também estarão ameaçados.

Fonte: PEC do Cerrado e Caatinga – Fórum em Defesa do Cerrado (Altamiro Fernandes).

Atenção da mídia para a ação Cerrado gera reação do sindicato de agricultores.

Atenção da mídiaA ação Cerrado foi notícia de página inteira em um dos principais jornais da Bélgica, De Standard, em 18 de Junho de 2012. Isto causou uma reação do Presidente da Associação dos Agricultores Piet Vanthemsche em Boer&Tuinder (Agricultor &Horticultor) na mesma semana:
 
“Um pequeno pedaço de Kafka. Na segunda-feira passada aparecem no prédio da Associação dos Agricultores em Leuven alguns manifestantes sem serem anunciados. Eles tinham uma bandeira com o slogan: “A importação de soja mata seres humanos e solo.” Quando um funcionário da Associação dos Agricultores perguntou que associação eles representavam, eles pareciam não saber.
Mais tarde, no mesmo dia, recebemos um email da Wervel com um comunicado de imprensa em anexo e uma menção de que os manifestantes aparentemente haviam esquecido de nos entregar. Admita, um grupo surge inesperadamente, eles não sabem quem eles representam e se esquecem de entregar a sua mensagem. Tudo o que eles queriam era uma foto que apareceu no jornal De Standard no dia seguinte. O que nos sugere que os manifestantes eram atores contratados. Que sorte que não tinham recebido o endereço errado.
Mas, brincadeiras à parte, se quer insinuar que a Associação dos Agricultores não defende a produção de mais proteína vegetal no solo europeu.
Nada é menos verdade, temos trabalhado juntos durante vários anos com Bemefa em um plano para promover a proteína alternativa e para implementar a soja sustentável. Pena que os ‘manifestantes’ esqueceram de mencionar isto. Por favor informe-os um pouco melhor da próxima vez’ .”

Wervel é contente que a Associação dos Agricultores acha o De Standaard (veja aqui também!) um jornal de qualidade e envia a seguinte resposta:
Caro senhor Vanthemsche,
Obrigado por dar atenção à ação da Wervel na Associação dos Agricultores no dia 17 de Junho na apresentação do Boer&Tuinder.

Lamentamos que você não foi bem informado pelos seus colegas que estavam no refeitório. A ação foi realmente caótica, o que era a intenção. Nós tentamos trazer à vocês, ao vivo, o caos de emigração violenta, com pessoas “feridas” dentre os quais alguém originário das áreas afetadas. Que os manifestantes não saberiam quem eles representavam, não é correto. Nenhum dos manifestantes foi contratado. Eles são pessoas que há muito tempo trabalham abnegadamente por um mundo melhor.

O porta-voz deles declarou alto e claro que era uma ação da Wervel e foi distribuído um informativo com fotos aéreas do desmatamento onde a Wervel está mencionada como editor responsável (nota do editor: jogo americano do Cerrado, também no Jornal da Wervel de  4/2012).
O porta-voz desta a ação trabalhou por anos a nível acadêmico em torno do tema agricultura intensiva. Ele afirmou claramente que não há suficiente comunicação em torno da questão da soja e que as empresas de pecuária devem ser muito mais proativamente incentivadas na direção de alimentos locais.

A ação não girava em torno da foto no jornal, mas sim em torno da sensibilização dos funcionários da Associação dos Agricultores sobre a urgência da questão. Que a imprensa presta atenção aos temas socialmente relevantes, só podemos aplaudir.

Atenciosamente,
O time da Wervel